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sábado, 20 de dezembro de 2008

Confete vespertino das horas

Jogado às traças irreversíveis do tempo,
À corrosão que, amiúde, dissolve mais que sonhos,
O corpo vestindo a nudez do sorriso
Que empalidece a alma.
Que tanto busca, safra miúda, de glórias?
O pergaminho da virtude já registra, cambaleante,
O frescor vespertino da vida.
Pêndulo que cai pra lá e prá cá
Como chuva fina de aurora,
O reboco úmido desgastando a pintura
De um azul que jaz esvaidecido,
Sorriso de senhora amarelecido diante do efêmero
Engatinhar do menino.
A embriaguês das horas ruborecendo,
Lânguida e atroz, os pés no chão...
Foi falta de sorte ter mentido, que agora faz juizo perfeito,
Que não rejeita nem acolhe,
Os meus tão sem sentidos verbais,
Tão sem nexo palavrear,
Enrugada promessa de fazer ser invisível.
Meu sonhos invisíveis, meus dias marchetados,
Meu palato, minha língua,
Batucando forte, soerguendo a força.
Há de se ter fé, há de se ter esperança.
E já foi nascida antes mesmo da despedida,
A vitória, não a glória nem a robustez,
Mas a vitória caindo leve como pluma
Sobre a pele ressecada e aberta: abduso-me.

4 comentários:

Vivian disse...

...belíssimo Ode à senhora
velhice companheira silenciosa
que ensaia seus passos com pés
de bailarina na dança da vida.

bjusss

Dauri Batisti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dauri Batisti disse...

Abduso-me foi um lindo jeito de fechar o poema. O tempo, sempre o tempo, a se infriltar nas trincas nos nossos pensamentos, no fluxo das idéias-poemas. Como escapar de ti, ó recorrente, corrente, tempo corrente, em ossos esforços de poesia?

Abraços.

Tata disse...

Oi,

Descobri teu blog em um blog amigo.
E achei LINDO esse seu texto.
Gostoso de ler....
adorei aqui voltarei sempre viu!
bjinhos

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