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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Lampejos

Estamos indo de volta pra casa
Estamos na espera
Um cansaço, um olhar divagando vagamente
Estamos no ócio da peleja que já é sobeja,
Que já é somente passageira enquanto amanhã
Está ainda mais perto.
Estamos indo...
Um alívio, de repente um aperto
Estamos no cerco de nós mesmos,
Estamos cansados.
Estamos indo de volta para casa
Uma parada, mais chegada,
Uma mulher amparada, uma barriga pesada,
Estamos indo...
Uma paisagem distante, uma emoção devaneada,
Uma canção compartilhada e guardada num traje despojado,
Uma mansão bem pintada e ladrilhos ornando a entrada dos homens,
Estamos indo...
Um carro suspenso, uma oferta.
Outro passando enquanto
A vida passa através dos vidros,
Os olhos esmerados,
Lavados pela lágrima que somente lava a poeira da rua,
Estamos indo.
Estamos indo de volta para casa,
Um farol fechado, vermelho nas mãos,
Uma senhora suando, as pernas desabando,
Estamos indo.
Uma menina tagarelando, Gabriele sorrindo,
Uma mãe confortada pela cria divina,
Estamos indo.
Estamos indo de volta para casa,
Uma freada, um pinheiro, um ipê roxeado
E o roxo do castigo de comprar a escolha,
A bolha e a folha que não são transparentes.
Estamos indo de volta para casa,
Uma porta, um silêncio,
O que importa do momento,
O corpo encostado,
A vida atrelada às exigências do tempo,
Às quimeras de que precisamos sempre vencer.
Estamos indo de volta para casa,
Pois é preciso viver.

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