A gente corre, sustenta um porre, e vai.
A gente se anula, agente inútil, esvai-se.
Todo dia, madrugada em alerta, sonolência,
Os pés dormentes caminham o corpo para o chuveiro.
Todo aperto operário, todo desmazelo com o elo,
Quebrantada a alma, suspiro incessante.
A gente corrói as pernas, as mãos, a face.
A gente age inconsciente, somente.
A gente quer ser sonho, quer ser amanhã,
Um orvalho suavizando a dor que brota no âmago,
Que outrora era somente dançar ciranda,
Jogar dados com o destino, ser fino.
O menino olha pela janela, vê a doideira pelo vidro,
Que reflete o outro mundo.
- Mãe, as pessoas estão brincando de pega-pega?
A gente não pega, a gente não nega, a gente sonega
O direito da vida, de viver, de ser.
Márcio Ahimsa
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há 6 dias
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